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  • Adilson
  • 30/03/2020
Remédio amargo

Francisco Maia
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)

O gosto amargo do remédio chegou à boca mais cedo que todos esperávamos.
Menos de uma semana depois do GDF determinar o fechamento do comércio, hotéis, bares e restaurantes, para evitar a disseminação do coronavírus, o mercado se vê diante de demissões em massa. O sindicato que representa a categoria estima que se farão cerca de 4 mil homologações de afastamentos de empregados. Pelo Brasil inteiro, a estratégia de defesa de fechar lojas desacelerou o vírus, mas quase mata os pacientes. Tudo é necessário para conter a pandemia, mas no rastro das consequências surgiram milhões de desempregos e bilhões de prejuízos. Em São Paulo, com os shoppings fechados, os lojistas negociam até moratória para aluguel. No Rio, a interdição das divisas intermunicipais abala a economia e já ameaça seriamente a vida dos municípios. O comunicado do governador do Distrito Federal sobre o fechamento dos shoppings, por tempo indeterminado, gerou preocupação em relação à economia local, mas é preciso ficar claro que, algumas vezes, necessitamos nos sacrificar sempre que for necessário o bem comum.

Para não causar mais sacrifícios à economia, buscamos junto ao governador Ibaneis Rocha, do DF, facilidades em linhas de crédito para empresários locais. Prontamente, o Banco de Brasília (BRB) anunciou a abertura de uma linha de até R$ 1 bilhão. Diante de nós, tínhamos, nua e crua, a dimensão do tsunami. Trabalhamos sempre com a verdade, mas ela nos faz sofrer. Nas grandes doenças públicas, melhor assim: a verdade pode ser um remédio amargo, mas é aquele que nos permite lucidez, equilíbrio e responsabilidade.

O grande médico de todas as doenças vive dentro de nós. O desejo consciente de querer ficar bom ajuda os homens e as sociedades. É essa postura que vencerá o vírus e transformará o convívio humano. A onda de solidariedade que estamos praticando serve de lição e é didática. Assim, o Brasil será melhor, pois nenhum governo ruim prospera quando o povo é organizado.

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