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Pouco para comemorar

O clima não é de festa. Novamente, o aniversário de Brasília será ofuscado por uma crise. Mais uma vez, uma forte instabilidade administrativa abala o governo do Distrito Federal. Desde o início dessa gestão os seus componentes têm encontrado dificuldades em colocar a máquina pública para funcionar. Greves de servidores, ingerências políticas e trocas de secretários têm sido uma constante. O fato é que já se foi quase um ano e meio de mandato e o quadro apenas se agravou. É preciso encontrar soluções. Ou melhor, com o “novo governo” inaugurar de uma vez por todas esse novo caminho.

A sensação dos brasilienses é de abandono. Nenhuma das áreas consideradas prioritárias está funcionando de forma adequada. No campo da segurança, poucas vezes Brasília passou por um momento tão crítico como agora. A ironia é que existem policiais, mas uma minoria não quer trabalhar e contamina o restante. Os comandantes, ao que parece, não têm conseguido estabelecer uma linha de comando. Estão sendo abatidos, um a um, pela escalada da violência e por uma verdadeira inércia administrativa.

A Polícia Militar já está no seu terceiro comandante-geral. A Polícia Civil teve quatro diretores, sendo que um atuou interinamente e outro saiu após ser flagrado em vídeo dizendo que o governador deixaria o cargo num camburão – uma afirmação sem propósito. A chefia do Corpo de Bombeiros também passou por mudanças e a própria Secretaria de Segurança teve seu comando renovado depois dos primeiros 100 dias de governo. Antes de mais nada, o troca-troca indica uma incapacidade de escolha ou a falta de controle sobre as forças policiais.

O mesmo quadro se repete na educação, na saúde e nos transportes. Os professores deflagram uma greve de mais de 30 dias. Eles pressionam a Secretaria de Educação, que está no seu segundo secretário. Enquanto isso, a erradicação do analfabetismo, a construção de creches em todas as regionais e a democratização das escolas não sai do papel. Na saúde, os médicos denunciam as más condições de trabalho. Os brasilienses sofrem nas filas dos hospitais, expostos a um serviço extremamente precário. O que havia dito o candidato, se eleito governador? Que ele mesmo, como médico, em 100 dias resolveria o problema. Não resolveu.

Agora, integrantes de peso do governo federal assumem postos na administração do DF. O novo secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, promete adotar um rigoroso plano de metas, com prazos e práticas rotineiras. Esperamos que funcione. Por enquanto, mais um escândalo vitimou uma autoridade local. O chefe de gabinete do próprio governador deixou o posto, acusado de manter uma suposta ligação com o grupo criminoso de Carlinhos Cachoeira. Outras denúncias continuam a surgir. Desse jeito, não há muito que comemorar. Não enquanto Brasília estiver debaixo de crise. É preciso governar.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 16/4/2012

 

Brasília, 16 de Abril de 2012

 

Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

 

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