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  • Adilson
  • 05/05/2014
Juventude ameaçada

Adelmir Santana

Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.

Uma guerra está em curso nas ruas brasileiras há mais de 20 anos. Mesmo distante dos principais conflitos do mundo, mais gente morre no Brasil do que no Iraque. Somente entre 2008 e 2011, mais de 200 mil pessoas foram assassinadas em território brasileiro. As vítimas são quase sempre os jovens. As recentes mortes de Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, e de Edilson Silva dos Santos refletem essa situação. Eles eram moradores da área onde essa batalha é travada: as favelas e periferias do País. De um lado das barricadas está a polícia e do outro estão as gangues de rua, os traficantes e as milícias. No meio do fogo cruzado encontram- se os moradores dessas comunidades.

O tráfico de drogas é o principal combustível dessa guerra. Em nome dele, o crime organizado mata, corrompe e destrói a sociedade. A falta de condições básicas de habitação nessas localidades e a inexistência de políticas públicas também colaboram para agravar o fato. Aonde o Estado não age, o medo impera. Muitas vezes, na tentativa de combater esse mal, as próprias forças de segurança se desvirtuam. Segundo a ONU, a polícia brasileira está entre as que mais matam no mundo. De 2002 a 2011, foram registradas 10.134 mortes no Rio de Janeiro decorrentes de intervenções policiais.

Esse quadro de terror, combinado com a impunidade, provoca a evidente revolta da população. Os protestos culminam quase sempre com a destruição de equipamentos públicos e privados. A sensação é a de que essa matança não terá fim enquanto a lei não for reformada e não houver um pacto pela família, em defesa da juventude. A banalização da vida começa justamente na transição da infância para adolescência, em núcleos familiares desestruturados. É preciso proteger o sistema familiar, com a devida atenção dos pais aos seus filhos e a presença forte do Estado na educação dessas crianças. Só não podemos fechar os olhos. Ignorar a guerra não fará com que ela deixe de existir.

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