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  • Adilson
  • 17/02/2014
Banalização

Adelmir Santana

Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.

Cresce a revolta da sociedade com a falta de segurança. Todos os dias nós presenciamos a morte de um cidadão.Essa tragédia pode ser acompanhada pela internet, pelos jornais e, em alguns casos, até mesmo pela janela de casa. Viramos espectadores de um reality show brutal onde a criminalidade impõe as regras do jogo. De dentro dos seus gabinetes, as autoridades parecem não ter um plano e, assim, a velocidade de reação do Estado anda a passos de lesma ou tartaruga. Tudo piora quando falta bom senso por parte de alguns policiais, quando interesses políticos são postos na frente de interesses coletivos e quando o discurso do ódio contamina porta-vozes do povo.

Sem respostas, sem uma legislação adequada e sem uma ação nacional de combate ao crime, o cidadão mais indignado tem resolvido fazer justiça com as próprias mãos. Executar bandidos, linchar assaltantes e acorrentar menores infratores são exemplos de selvageria que não resolvem nada. Essas atitudes, como todas as outras que infringem a lei, precisam ser punidas e reprimidas rapidamente para que não se multipliquem, sob o risco de ameaçarem a democracia. Um dos primeiros sinais de falência de um regime democrático surge quando a população perde a crença nas instituições e quando banalizamos a violência e deixamos de punir os culpados.

Não sou especialista em segurança pública, mas tenho procurado ouvir os estudiosos e recebo diariamente queixas do empresariado. Sabemos que a impunidade encoraja o criminoso. Se o problema está na legislação, ela deve ser reformada com urgência, assim como o nosso sistema carcerário. As polícias precisam estar motivadas e os governantes precisam estar mais presentes. O que nós nunca devemos aceitar é a violência generalizada. “Olho por olho, dente por dente” não significa Justiça, significa vingança. Queremos que os criminosos sejam punidos, mas de acordo com a lei e não segundo as nossas crenças.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 17/02/2014.

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