Em um artigo intitulado “Nariz de cera”, o vice-presidente da Fecomércio-DF, Miguel Setembrino, aborda o atual cenário em que o Brasil está passando. Segundo ele, nesta toada, esvai-se qualquer seriedade necessária para um debate profundo e inadiável que recomponha o Brasil enquanto Nação. Confira a íntegra do artigo:
Nariz de cera
Miguel Setembrino Emery de Carvalho
Às vezes me pergunto se entre “dedos-duros” e “mandiocas”, ainda vale a pena se discutir algum projeto sócio-político-econômico estruturante para o nosso País, enquanto da lavra da mandatária-mor, escapam platitudes e nulidades sem fim, como se amenos os tempos fossem.
Nesta toada, esvai-se qualquer seriedade necessária para um debate profundo e inadiável que recomponha o Brasil enquanto Nação. Perde-se a chance de recuperação ou retomada da nossa alma civilizatória, que foge alucinada, apavorada com o império da barbárie e da estultice, em todos os sentidos.
Estamos entregues, todos, à nossa própria falta de sorte e de juízo. Esse clima de fim de bacanal, com a cerveja quente, os copos quebrados pelo chão, os cinzeiros entupidos de baganas e os banheiros exalando a fedentina intolerável das excrescências, em nada colabora com o sentimento de purificação que tenta penetrar entre o denso humo que turva nossas visões.
As cortesãs, os proxenetas, os larápios de alto coturno, os pilantras oportunistas e até mesmo os ratos de porão já farejam a decadência e se prestam sobranceiros em abandonar essa nau dos infortúnios. Ao olharmos para a ponte, como última esperança, vimos que não há comandante ao leme. Vada a bordo, catzo! Mulheres e crianças primeiro!
O Brasil soçobra a si mesmo, sob o seu próprio peso e incongruências históricas, de há muito detectadas, jamais solucionadas. Somos uma nação de psicóticos maníacos depressivos que trafegam trêfegos entre a euforia e a depressão, embriagados ora de Prozac, ora de Gardenal. Ora com os dentes trincados, ora bando feito beócios.
Feito todo esse enorme nariz de cera , que no jargão jornalístico significa introdução protelatória, retardamento do assunto principal, juro que tentei compor um artigo sério sobre o Brasil e seu futuro. Mas, está difícil. Pelo menos nesse momento.