Fazer política no Brasil virou sinônimo de algo sujo e corrupto. Essa não é uma imagem nova. Podemos dizer, inclusive, que é uma percepção quase generalizada da atividade, principalmente em função dos constantes escândalos protagonizados no País. O problema é que a falta de credibilidade da maioria dos nossos representantes atingiu um patamar tão elevado que tem inibido o desenvolvimento da nação. O sistema partidário e eleitoral brasileiro, completamente deteriorado, faz com que muita gente boa se afaste ou não consiga entrar na política. Enquanto essa realidade perdurar será difícil evitar crises e mais improvável ainda será mudar a qualidade dos nossos líderes.
Hoje, o modelo de eleição proporcional vigente no País favorece apenas os candidatos financiados por grandes empresas ou apoiados pelos grupos mais poderosos da sociedade. Ao assumir um mandato, o político desonesto passa a responder aos interesses desses setores e não aos anseios da população. É uma prática que distorce a representatividade e compromete a qualidade dos agentes públicos. Essa apropriação do Estado como se ele fosse um patrimônio privado do mandatário não só afronta os ideais republicanos como transforma o nosso sistema em uma rede que incentiva e acoberta a corrupção. Assim, os corruptos se perpetuam e os honestos tendem a desaparecer.
Há um baixo índice de renovação e apenas alguns poucos líderes representam efetivamente uma alternativa. No meio desse círculo vicioso, a criminalização dos políticos ganha força e a descrença dos eleitores dá lugar mais uma vez aos perigos do populismo. São os populistas que se aproveitam da nossa fragilidade partidária para se apresentarem como “salvadores da pátria”. Não adianta demonizar ou recusar os partidos. O cidadão de bem precisa voltar a atuar politicamente, de forma consciente e ativa. Caso contrário, o caminho ficará aberto mais uma vez para os medíocres. E nós já sabemos como essa história termina. Não é um final feliz.
Adelmir Santana é presidente do Sistema Fecomércio DF.