Adelmir Santana
Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal
Em um futuro mais próximo do que as pessoas imaginam, os municípios entre Brasília e Goiânia poderão estar completamente interligados. 0 deslocamento populacional existente entre essas capitais e cidades vizinhas deve formar uma só região do ponto de vista geográfico. Essa tese aparece na mais recente pesquisa do IBGE, divulgada na semana passada pelo Jornal de Brasília. 0 tema merece um acompanhamento especial por parte dos governos de Goiás e do DF. Do ponto de vista da gestão pública, é de extrema importância analisar o impacto dessa nova realidade.
De acordo com o IBGE, 200 mil pessoas transitam diariamente entre o DF e o Entorno. Já a ligação entre os arranjos urbanos de Goiânia e de Brasília promovia, só em 2010, um fluxo de 8,8 mil pessoas nesse eixo. Esses deslocamentos populacionais são motivados, sobretudo, pela busca por emprego e estudo. E por absoluta incompetência do Estado, a mobilidade é o grande problema desses cidadãos. As pessoas precisam se locomover em ônibus velhos, sucateados e caros e são obrigadas a gastar mais de três horas no dia só em deslocamentos.
Como já defendi antes, creio que a solução para o apagão de gestão pública nesses municípios está na criação legal dessas regiões metropolitanas, com a definição clara de responsabilidades e aporte de recursos do governo federal. Na prática, já há uma grande metrópole formada pelo DF e pelo seu entorno próximo, o que por si só já justificaria a criação da Região Metropolitana do DF, que hoje existe de fato, mas não de direito. Nesse mesmo sentido, também precisa ser colocado em prática o Estatuto da Metrópole, que regulariza diretrizes para o planejamento, gestão e execução de políticas públicas em cidades metropolitanas e aglomerações urbanas. Estamos falando em um universo de mais de 3 milhões de pessoas e 11 municípios envolvidos somente na concentração urbana de Brasília. Chega de descaso.