Adelmir Santana
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio).
Os ciclistas brasilienses estão se sentindo ameaçados. Com razão. No dia 18 de abril, a triatleta Juliana Larano Ribeiro, 36 anos, foi atropelada enquanto participava de um passeio ciclístico no Parque da Cidade. Segundo as testemunhas ouvidas pelos jornais, ela foi vítima de uma agressão gratuita. Um médico invadiu a pista, em pleno sábado, e causou o acidente. Detalhe: ele dirigia uma caminhonete. Mais do que uma covardia, foi uma demonstração de ódio, desrespeito e absoluta falta de cidadania. Como presidente do Serviço Social do Comércio no DF e realizador da etapa Brasília do SESC Triathlon, um dos circuitos mais tradicionais do Brasil, estou totalmente solidário ao pleito dos esportistas, que clamam por segurança. Primeiro, porque é uma questão de respeito à vida. Segundo, porque é necessário transformar o comportamento dos motoristas. Precisamos resgatar o movimento de paz no trânsito e isso vale não apenas para o tráfego de veículos. É preciso respeitar todos que estão nas pistas, sobretudo pedestres e ciclistas.
A tendência mundial é que a bicicleta seja mais utilizada como uma forma de transporte alternativa e não poluente. Brasília não pode estar na contramão da modernidade. Pelo contrário, deveriamos liderar um movimento na nossa cidade em defesa de uma inserção cada vez maior da bicicleta no trânsito, seja para locomoção ou para prática de esporte. A capital federal já foi referência em respeito à faixa de pedestres e agora pode se consolidar como a cidade dos ciclistas, por que não?
Para atingir esse objetivo o importante é investir, primeiramente, em educação, em campanhas educativas. Se cada um de nós passar a enxergar o ciclista com o respeito que ele merece, ao invés de vê-lo como um obstáculo na rodovia, poderemos ter uma convivência harmônica e pacífica. Essa é uma postura que nós precisamos ter coletivamente. O segundo passo é cobrar do Estado uma sinalização adequada, infraestrutu-ra, bicicletários e, talvez, a redução do limite de velocidade em alguns pontos.
Espero, realmente, que essa convivência mude no Distrito Federal. O meu desejo é que na abertura de provas como o SESC Triathlon, que ocorrerá no próximo dia 3 de maio, na Ponte JK, possamos celebrar a vida e o esporte, em vez de falar sobre tragédias como a da semana retrasada. Esse é o meu desejo.