A confiança do empresário do comércio nunca esteve tão baixa. O índice que mede esse sentimento entre os comerciantes do Distrito Federal, divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF, apresentou a sétima queda consecutiva no mês passado e chegou aos 87,7 pontos. Isso demonstra a insatisfação do empreendedor brasiliense, tendo em vista que valores abaixo de 100 indicam pessimismo. Mas por que o empresariado local está tão desmotivado? A resposta é simples e preocupante: do jeito que as coisas estão, poucos parecem acreditar na capacidade do governo de reverter, neste momento, a atual crise econômica.
A sensação entre os empresários é que ainda pode levar um bom tempo para o Brasil se recuperar economicamente. Para 63,9% dos entrevistados ouvidos pela Fecomércio, as condições atuais da economia brasileira pioraram muito. No que se refere às condições atuais do comércio, 77,7% disseram que elas pioraram um pouco ou muito. E para agravar ainda mais essa equação, 61% disseram que a condição atual de suas empresas está pior do que estava antes.
O reflexo disso, visível em Brasília, é um número recorde de lojas fechadas nos shoppings, nas quadras comerciais e em avenidas como a W3. Somente na 304/5 Sul eu contei outro dia mais de cinco lojas com anúncio de “passo o ponto”, vende-se ou aluga-se.
Outros fatores que explicam esse pessimismo estão relacionados ao baixo consumo. As famílias estão altamente endividadas, a oferta de crédito caiu, os juros cresceram e a inflação está mais alta. No Distrito Federal, por sua vez, a insegurança, a falta de estacionamento e os problemas para obtenção de alvarás ou licenças de funcionamento desencorajam qualquer investidor a abrir um negócio.
Sendo um otimista, acredito que o Brasil pode retomar o desenvolvimento em dois ou três anos. Mas para isso é preciso investir em infraestrutura, enxugar a máquina pública, tirar as reformas estruturais do papel e controlar a inflação. Se nada for feito, as próximas pesquisas já revelarão cortes de emprego na maioria das empresas.