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O risco da CPMF

Francisco Maia
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)

A maldade da serpente não se esconde na peçonha de suas presas, mas nos ovos de seus ninhos. Matar o réptil pouco adianta se os ovos ficam e podem eclodir em dezenas de filhotes.Defenestrar Marcos Cintra da Secretaria da Receita Federal nada tem a ver com ofídios, até porque doutor Cintra é mestre competente, mas equivocado na sua histórica defesa do Imposto Único. O problema é que não foi apenas Marcos Cintra quem inventou a ideia da volta da CPMF dentro da equipe econômica do governo Bolsonaro.

Mesmo fora do grupo pensante, outros vão continuar a insistir para a criação de um novo Imposto sobre Transações Financeiras (ITF) – cuja alíquota foi imaginada sobre saques ou depósitos, com arrecadação estimada entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões anuais. Para alguns mestres em economia, a volta da CPMF é uma nefasta iniciativa. Três efeitos colaterais são claros: a) ativa movimentação financeira em dinheiro vivo e a circulação fora do sistema bancário; b) prejudica aumento da produtividade e a especialização, pois exige que as empresas concentrem atividades internamente; e, finalmente, c) é aquilo que todos chamam de ação poder regressivo, pois atinge com a mesma alíquota, ricos e pobres. É um imposto basicamente injusto.

Da mesma forma como já se meteu no debate da Reforma da Previdência, na defesa de idades mínimas entre homens e mulheres, Bolsonaro está disposto a se envolver naquilo que acha uma causa social e popular. O presidente tem a grande virtude de sentir a vontade do povo e ele já percebeu que a CPMF tem um mau passado, péssima fama e parece que ninguém gostaria que ela voltasse. A luta contra a volta da CPMF é hoje uma trincheira econômica e política. Na economia estão aqueles que divergem da orientação de alguns que compõem o estado menor de Paulo Guedes, e na política, forma-se a resistência dos que pretendem dar a Bolsonaro um certo comando nas diretrizes da economia.

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