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Mercado de bebidas artesanais ganha força no DF

O mercado de bebidas artesanais vem ganhando espaço no Distrito Federal. Na verdade, a produção dessas bebidas, muitas vezes era apenas um hobby para seus idealizadores. Mas com investimentos e vontade de empreender, esse segmento está crescendo nacionalmente. Existem bebidas para todos os gostos que são preparadas no Cerrado: cachaça, vinho, cerveja artesanal e sucos especiais.

// Vinho

Há poucos anos seria impossível pensar na produção de vinhos finos no Cerrado, mas com uma paixão de longa data por essa bebida, o médico otorrinolaringologista, Marcelo de Souza, decidiu inovar e implantar um vinhedo que produziu os primeiros vinhos nesse tipo de solo. Tudo começou em 2004 e a experiência foi tão bem-sucedida que, logo na primeira colheita comercial da safra, em 2010, o Banderas, um dos rótulos produzidos – predominância da uva barbera (85%) com 10% de tempranillo e 5% de sangiovese – foi apontado em 2012 como um dos 100 melhores vinhos tintos do mundo, por uma publicação especializada em gastronomia. Outro rótulo da vinícula, o Intrépido – predominância de syrah (87%) com 13% de tempranillo – também é bem avaliado por especialistas.

A cerca de 100km de Brasília, na parte leste de Goiás, Marcelo, que mora e trabalha em Brasília, garante ter encontrado na região as condições ideais para a produção de uvas. Hoje, a área do plantio é dividida em três setores, que produzem uvas do tipo syrah, barbera e tempranillo. “Temos as mesmas condições climáticas de regiões produtoras, com temperaturas semelhantes às do verão mediterrâneo. O Cerrado de altitude tem dias secos e quentes e noites frias, como nos países produtores de vinho. Temos o potencial climático para termos uma grande uva e, logo, um grande vinho”, destaca.

Desde 2004, quando comprou a fazenda, Marcelo calcula que já investiu mais de R$ 1,6 milhão no empreendimento, sendo R$ 100 mil destinados à implantação das uvas por hectare e R$ 300 mil investidos nos equipamentos da vinícola, fora a aquisição da fazenda. Recentemente, adquiriu mais dois hectares de terra e fechou com um parceiro que vai investir em mais dois para aumentar a produção. Mas o maior negócio está para ser finalizado e essa expansão deve chegar a 33 hectares. “Com essa compra de terras esperamos produzir o dobro de garrafas em um curto prazo. Já em médio prazo a expectativa é de aumentar em quase quatro vezes nossa produtividade”. O empresário também instalou uma estrutura para receber turistas ao lado do vinhedo, com degustação e almoço harmomizado, ao custo de R$ 150 por pessoa.

Depois de colher as dez toneladas da uva por safra, a fruta é levada para um galpão de produção e passa pelo processo de fermentação e maturação em tanques de inox. O período para atingir um vinho de qualidade é longo. Da colheita até o engarrafamento da bebida, o procedimento leva até dois anos. Mas a espera compensa e o sucesso comercial se traduz em números. A produção chegou a quatro mil garrafas da safra de 2014, das marcas Banderas e Intrépido, comercializadas a R$ 100.

Porém, Marcelo ressalta que para esse segmento se desenvolver no Centro-Oeste é necessário apoio governamental. “Temos urgência em uma maior conexão com governo, para que o crescimento desse setor ser viabilizado.” O produtor usa como comparativo os números do Rio Grande do Sul, onde 4 mil hectares de terra são responsáveis por 20% da produção de vinhos do Brasil. “Existe uma quantidade enorme de terras ociosas no DF e se o governo destinasse parte dessas áreas para a enocultura, os ganhos com emprego e renda seriam enormes. Em 10 anos evoluímos muito em relação ao manejo e conseguimos um grande sucesso técnico, em termos de qualidade, tornando esse projeto uma realidade que pode ser multiplicada ”, conclui.

No DF, é possível encontrar os vinhos de Marcelo em algumas adegas especializadas ou em alguns restaurantes da cidade. A empresa também faz entregas em casa, com venda mínima.

// Cachaça

Apaixonado por gastronomia e boas bebidas, o advogado Eduardo Moreth se converteu em empresário para criar uma cachaça de qualidade superior e com design arrojado, que leva o nome de Authoral. Em 2006, fez um MBA na Fundação Dom Cabral cuja pesquisa foi relacionada à alambicagem e exportação de cachaça de alta qualidade para a Europa. Já em 2013, resolveu aprofundar seu conhecimento sobre o universo da cachaça. “Descobri que os processos industriais de produção eram muito ruins e mesmo os artesanais ainda eram muito rústicos e careciam de refinamento. Foi aí que comecei a elaborar uma bebida diferenciada que pode estar presente nas melhores mesas do mundo gastronômico”, revela o empreendedor.

Produzida de forma sustentável em uma residência no Park Way, a cachaça Authoral foi lançada como a primeira cachaça premium do País a usar o conceito de home distilling. Do início ao fim, a elaboração das 5 mil garrafas da Authoral é realizada de forma artesanal. Da escolha de uma cana adequada ao clima de Brasília, passando pelo plantio manual até a seleção das partes boas e única prensa a frio, o processo de produção cauteloso com a qualidade do sabor final é acompanhado de perto pelo produtor.

As canas são colhidas uma a uma, em seu ponto máximo de maturação. Depois, são lavadas manualmente e processadas em até 3 horas após a colheita. Por fim, o caldo é obtido a partir da primeira prensa a frio. A cuidadosa fermentação mescla leveduras selecionadas para preservar o terroir e o envelhecimento do destilado ocorre em barris de carvalho francês, carvalho americano, bálsamo e cerejeira pelo sistema de “solera”, a mais de 1.000 metros de altitude, o que favorece a interação com a madeira.

Segundo Eduardo, todo esse processo merecia uma embalagem à altura. “O produto é finalizado com garrafas importadas da França, que receberam um rótulo ilustrado com uma rosa dos ventos, e rolhas colocadas manualmente”. Já a identidade visual foi criada por Aliki Pappas, conceituada design de Brasília.

O produto já foi avaliado com nota máxima pelo laboratório do Doutorado em cachaça da Uiniversidade de São Paulo e ficou em primeiro lugar em um concurso de blends do Instituto Cana Brasil. A bebida está sendo comercializada ao custo de R$ 215 a unidade, e pode ser adquirida pela internet, por meio do site www.authoralcachaca.com.br.

// Cerveja

O mercado de cervejas artesanais deslanchou no Brasil nos últimos dez anos e se firmou como tendência há mais ou menos quatro anos, com um crescimento de 20% a 30% ao ano e faturamento anual de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Microcervejarias (Abracerva).

A produção de cervejaria artesanal não é uma atividade exatamente nova, mas, nos últimos anos, o interesse pela prática – e, principalmente, a degustação da bebida – cresceu consideravelmente no DF. O preço não é dos mais baratos. Uma garrafa com 350ml pode custar entre R$ 10 e R$ 180, dependendo de onde a bebida é fabricada. Por isso, em Brasília, o público que procura pelo produto é considerado de média e alta renda.

Referência nesse mercado, a Microcervejaria X foi idealizada por Alexandre Xerxenevsky, de 43 anos. Um dos rótulos produzidos por ele, a Angel Triple, foi a cerveja ganhadora do II Concurso Acerva Paulista 2011. Já outro rótulo produzido pelo cervejeiro, a Oberkorn, levou a taça em 2014.

Alexandre conta que é importante degustar para aperfeiçoar o paladar: depois de realizar muita leitura especializada, começou a própria produção, em 2010, com investimento inicial de R$ 1.500. Nessa época, os conhecimentos de cervejeiro vieram de forma autodidata. Após dois anos de produção caseira, ele fez um curso de técnico cervejeiro na renomada Siebel, em Chicago (EUA), e depois, um curso de microbiologia cervejeira, na mesma instituição, com sede em Montreal (Canadá). “Eu já conhecia o processo, mas não sabia ao certo o que fazer. Depois fiz cursos e me aperfeiçoei”, conta.

A fabricação da Microcervejaria X hoje é realizada por uma fábrica em Goiânia. O empresário considera o alto custo de insumos importados (malte e lúpulo) a maior dificuldade na produção. A situação piorou com a alta do dólar. Em geral, a tributação é menor em outras unidades da federação, por isso essa terceirização da produção é entitulada de cervejaria cigana. “Os impostos no DF dificultam a presença de microcervejarias. Hoje, os empreendimentos do ramo pagam a mesma carga de impostos das grandes marcas, por isso o conceito de cervejeiro cigano é considerado mais barato e cada vez mais comum”. Atualmente, a Microcervejaria X produz uma média de 5 mil litros por mês, o que corresponde a 8.330 garrafas, de 600ml.

Com um bom desempenho em vendas e seus rótulos se destacandos no mercado, a Microcervjaria X vai inaugurar em dezembro seu e-commerce. Hoje é possível encontrar os rótulos em casas especializadas e na Super Adega, pelo valor médio de R$ 27. “As vendas pela internet vão servir como um ensaio. A partir da demanda vamos aumentando nossa produção, mas o principal objetivo é que nossas cervejas sejam nacionalmente conhecidas”, conclui.

// Suco

A ideia inicial do empresário Diniz Raposo, com seu sócio, Alex Mattos, era eleger uma nova área de atuação, na qual pudessem trabalhar com algo com que se identificassem. Adeptos de esportes ao ar livre pensaram em algo que pudesse aliar sabor e saúde. “Após uma série de pesquisas no Brasil e no exterior, surgiu a linha de sucos Calango Juice, com elementos 100% naturais de Brasília”, destaca Diniz.

A marca traz, a princípio, nove sabores diferentes, de 500 ml, além da produção de suco de laranja e água de coco pausteurizados, na versão 250 ml. Os sucos são produzidos a partir de ingredientes adquiridos integralmente de produtores do Distrito Federal, de forma a contribuir com a geração de renda na cidade. O centro de produção de sucos artesanais está instalado na Vila Planalto e todo processo de produção e distribuição conta com oito funcionários. A empresa partiu de um capital inicial de R$100 mil e hoje a capacidade média é de 120 litros por dia, cerca de 3.600 litros por mês.

A empresa contou com a consultoria de uma equipe de nutricionistas, que atuaram no controle de qualidade do produto final. A proposta é que os sucos sejam consumidos como complemento à alimentação, estimulando o metabolismo e a reposição energética depois da prática de exercícios. “O suco prensado a frio mantém as enzimas vivas e preserva mais vitaminas e nutrientes, já que deve ser consumidosem até 48 horas. O grande ganho, contudo, é no sabor do produto final. Não há uma diferença de qualidade tão grande entre o suco prensado a frio e o feito no liquidificador – como muitos defendem; mas, há uma diferença de sabor e textura, que nos diferencia”, explica Diniz.

Os sucos já estão sendo vendidos pelo site juice.calangosoul.com e em lanchonetes, cafés, restaurantes, academias e spas parceiros. Os valores variam de R$ 10 a R$ 18. O campeão de vendas é o suco Recupera (R$ 12), cuja composição é 10.81% de beterraba, 8.11% de maracujá, 27.03% de maçã e 54.05% de laranja.

Com a onda dos Food Trucks, uma Range Rover foi totalmente customizada para garantir a presença da Calango Juice em eventos esportivos e gastronômicos de Brasília. Mais que um ponto de vendas, o Juice Truck estimula o encontro e convívio de atletas, com boa música e alto astral. Segundo Diniz, o diferecial dessa estratégia é que o carro pode chegar em qualquer lugar. “Recentemente fomos até a Chapada dos Veadeiros com ele e no final do ano temos planos de levá-lo à Barra Grande, na Bahia, em uma aventura offroad”.

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