São 12 horas em pleno funcionamento e quando as portas de um shopping se fecham é que tudo começa. O público aproveita o espetáculo durante o dia, geralmente das 10h às 22h, com corredores decorados e climatizados, música ambiente, piso brilhando, nenhum defeito aparente, lojas com extrema organização. Um clima agradável para o lazer e compras. Mas esse mesmo público não tem ideia do que é preciso ser feito no outro período para que, quando ele retorne, toda a estrutura esteja novamente montada.
É como se fosse um teatro. Não se vê os bastidores, mas os atores estão lá, 24 horas, para que seja mantida a mesma aparência todos os dias do ano. A manutenção, a limpeza pesada, as obras, a decoração ou qualquer outra ação sempre será feita sem que o público esteja presente. Salvo algumas exceções. “O shopping não fecha, é um organismo vivo sempre em funcionamento. Um batalhão entra em ação assim que as portas fecham, para que no outro dia ele abra impecável. Isso para que possamos poupar o cliente da poluição sonora, de cheiros e do visual de obras, tanto do shopping quanto dos lojistas”, explica o superintendente do ParkShopping, Marcelo Martins.
Em outros centros de compra da cidade não é diferente. O superintendente do Boulevard Shopping, Ulisses Silva, conta que é uma verdadeira maratona quando as portas se fecham. “Inicia uma série de atividades às 23h: limpeza nos banheiros, lavagem das garagens, enceramento do piso, higienização da praça de alimentação, tratamento diário no piso, lavagem com selante e polimento com maquinário, nos oito mil metros quadrados de piso livre. Tudo isso até às 9h”, explicou Ulisses.
// Segurança
Um detalhe importante é a segurança. Ela também ocorre 24 horas, mais ainda no momento em que o centro comercial está fechado. Algumas operações terminam bem depois das 22h, como restaurantes e cinema, e a rotina segue na mesma agitação, repleta de atividades, tais como entrega de mercadorias, circulação de móveis, equipamentos para exposição, entre outras. “Qualquer movimentação de exposição no meio do mall são sempre contratados seguros contra terceiros, que cobrem qualquer eventualidade. É tudo bem formalizado. Todos os lojistas precisam agendar os horários para que todos estejam preparados, pois o ambiente é bem visado”, acrescentou o gerente geral do Iguatemi Brasília. No Boulevard Shopping, por exemplo, são mais de 150 câmeras ligadas 24 horas por dia. Aberto em um horário diferenciado, pois às 6h30 o hipermercado já está funcionando, e muitas vezes as sessões do cinema vão até 1h da manhã, e a segurança precisa ser ostensiva.
O gerente geral do Iguatemi Brasília, Marcos Garzin, lembra que não só à noite o trabalho é intenso, pois o cliente que entrar às 20h no mall precisa encontrar o shopping tão perfeito quanto o que entrou às 10h. “Ninguém verá um equipamento de lavagem de piso funcionando, um pintor com uma lata de tinta. Quem nos visita não quer encontrar rotinas sendo executadas. Quer ver o atrativo, o paisagismo impecável. Então, durante o dia teremos somente a equipe da limpeza e a manutenção mais urgente sendo feita em horário comercial”, explica Marcos.
// Eventos
O cliente que frequenta o shopping em diversos dias da semana pode entrar um dia pelos corredores e não ter nada diferente e no outro dia encontrar uma decoração totalmente diferente e com estruturas decorativas enormes. Tudo isso acontece na madrugada e é o elemento surpresa que os centros comerciais querem proporcionar para encantar ainda mais seus visitantes. “Os eventos devem ser montados em uma noite. Para campanhas maiores, como Natal, pode levar mais tempo, mas não deixamos que nossos clientes vejam nada antes de estar totalmente pronto. Enquanto as pessoas estão descansando, estamos produzindo”, explica a gerente de marketing do Pátio Brasil, Karine Câmara.
A assistente de marketing do Pátio Brasil Shopping, Aline Nunes de Melo, coordenando a montagem da decoração para a Páscoa, explica que eventos pequenos são rápidos de executar, com duas horas já está tudo pronto, mas sempre será feito à noite, para caso seja necessário entrar com algum detalhe, a organização tem até as 9h da manhã para isso. “A montagem de um evento começa no envio de e-mails para a central da segurança, para equipes de montagem, de manutenção e limpeza do shopping. Quando há fornecedores, já incluímos os nomes de quem vem e autorizamos a entrada. Rapidinho está tudo pronto”, explica.
No Brasília Shopping, a montagem ocorre no mesmo período e tem que contar com uma estrutura especial quando o evento é do lado de fora do centro comercial. Durante a montagem de quatro tendas de 30m² cada na entrada principal do shopping, haviam 15 trabalhadores envolvidos. A velocidade do serviço é impressionante. Tudo para garantir o conforto dos frequentadores. “Fechar uma entrada durante o dia, com todo o barulho e equipamentos é um desconforto muito grande para nossos clientes. Isso não pode acontecer”, acrescenta Maíra Garcia, gerente de marketing do Brasília Shopping.
