As liquidações de estoques têm sido a saída para o varejo minimizar perdas de receita em um ano difícil. A avaliação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Até então, as promoções estavam atreladas ao calendário de datas comemorativas do setor ou a mudanças de estação do ano, mas isso mudou com a crise.
Segundo a pesquisa, as perdas nos ramos automotivo (-15,6%) e de móveis e eletrodomésticos (-11,3%) lideram as quedas nas vendas do varejo em 2015. Segundo o economista da CNC, Fábio Bentes, a confiança do consumidor registrando seguidamente novos pisos históricos e o nível recorde da taxa de juros dos empréstimos e financiamentos pessoais são alguns dos fatores que colaboram para esta situação, além da falta de confiança do consumidor sobre a economia atual. “O varejo teve que fazer duas coisas: baixar estoque para poder renovar para o Natal e fazer liquidações para poder vender nesse período”, aponta. De acordo com ele, o primeiro trimestre foi ruim para as vendas no varejo, o segundo trimestre foi péssimo e agora o varejo tenta reagir para melhorar o cenário no terceiro trimestre. “Nossa expectativa é que o varejo feche em queda de 6,5% no ano de 2015. Não há como haver uma recuperação do comércio para este ano e com certeza o começo de 2016 será difícil também”, afirma Bentes.
O levantamento mostrou que dos 77 itens pesquisados, 32 (ou 41,6%) ficaram mais baratos em agosto – maior percentual dos últimos seis meses. De acordo com a CNC, este é o pior momento em mais de uma década para o comércio varejista, que vem buscando alternativas para amortecer os impactos negativos da atual recessão econômica no nível de consumo. De acordo com o economista, além da maior pressão sobre a matriz de custos exercida por fatores como o forte reajuste de preços administrados, o encarecimento do crédito e a rápida desvalorização cambial, o resultado das receitas do setor tem registrado seu pior desempenho desde 2004.