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Linha e agulha na mão

por acm

Apesar da desaceleração da economia, setor de armarinhos se mantém estável por conta das datas comemorativas e da onda de trabalhos manuais

A queda das vendas no primeiro trimestre deste ano refletem o desequilíbrio e o esfriamento da economia do Distrito Federal. O que se vê é inflação alta, juros elevados, produtividade em baixa, crédito mais caro, inadimplência e desemprego crescentes. Para muitos empresários do comércio a situação atual não traz animação e muito menos, boas perspectivas. Entretanto, no meio de tantos fatores negativos, pelo menos um setor não tem do que queixar: o mercado de armarinhos. A nova onda do “faça você mesmo” tem aquecido o segmento.

As vendas no comércio de tecidos, que inclui armarinhos, registrou crescimento de 15,76% em maio deste ano. O nível de emprego também registrou alta de 4,17% em maio na comparação com abril. Os dados fazem parte da última Pesquisa Conjuntural de Micro e Pequenas Empresas do DF, realizada pelo Instituto Fecomércio.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Edson de Castro, o mercado de aviamentos não está longe da crise, mas está sabendo sobreviver bem. “As datas comemorativas ajudam o setor de armarinhos, seja no Dia das Mães, nas Festas Juninas ou no Natal eles sempre estão vendendo. As pessoas também procuraram por necessidades corriqueiras, como zíperes, botões. Além disso, por trabalhar com produtos diversos acaba ajudando a manter o negócio apesar da crise”, explicou.

Para o professor de Finanças do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Romildo Araújo, os armarinho possuem diversas vantagens. “O setor consegue captar por sazonalidade e em várias épocas do ano e o mais importante é que observamos que há uma fidelização dos clientes. Claro, que não se trata de produtos de primeira necessidade, mas as pessoas sempre precisam de algo que é vendido no armarinho, seja para concertar ou produzir. Outra vantagem é que é possível encontrar muita coisa em um só lugar, como um bordado para o vestido da noiva ou fitas para ovo de Páscoa. É um setor que tem tradição e consegue se manter a longo prazo”, avaliou.

Armarinhos - Dona Clarisse (10)// Para todas as épocas

Há 48 anos atuando no comércio de tecidos e armarinho, a empresária Clarisse Rodrigues Lessa, do Armarinho Clarisse, sabe bem como funciona o segmento. “O armarinho é um ramo bom, mas não gera um grande lucro. Se bem administrado as vendas não caem. Apesar de também vender tecidos, os produtos de armarinho são os que vendem mais. Entra ano e sai ano o meu negócio gira muito bem, não tem queda expressiva e nem faturamento muito alto, é médio. Por dia, chego a atender uma faixa de 130 a 120 clientes em busca de artigos de armarinho. Meus clientes são fiéis. Por mês consigo lucrar uma média de R$ 60 mil”, contou.

Segundo Clarisse 70% de sua clientela é composta de mulheres, e uma curiosidade é que muitos dos clientes homens vão à loja em busca de kits de costura, pois são divorciados.  A empresária também revela sobre as vendas de seus produtos. “Agora, na época do frio é quando vendemos mais lã para tricô e crochê, assim como produtos para São João. Quando chega dezembro, as maiores vendas são de bordado inglês, renda e linhas por causa do Natal. Em outras épocas do ano têm grande saída linhas, agulha de mão, agulha de máquina, botões, fitas, toalhas e lençóis”, relatou. No armarinho também é possível realizar cursos manuais e é uma das poucas lojas do DF que batem botão de pressão.

ARMARINHOS - Paulo Milano- Foto - Joel Rodrigues (2)// Tradição italiana

O Armarinho Milano foi fundado em 1966, pelo empresário italiano Stefano Milano. Há oito anos, as três unidades da empresa estão nas mãos do filho, Paulo Milano. Ele conta que o universo de armarinho é muito grande e cada empresário trabalha de uma forma diferente. “Vendo muitas fantasias temáticas para o Carnaval, Páscoa, Festa Junina, Halloween e Natal. Na semana que antecede o Carnaval, chego a atender por dia uma média de 600 clientes só na loja da Asa Sul. Na parte de aviamentos temos fios de tricô, crochê, uma parte de tecidos para patchwork. Já na parte de serviços, cedo espaço para aulas de tricô, crochê e bordado. Na loja da Asa Norte, há ainda um quarto de costura”, destacou.

Paulo acredita que a ideia do “faça você mesmo” tem ajudado nas vendas. “Tivemos um inverno em Brasília, que inclusive muitas jovens começaram a fazer cachecol para as amigas. Percebemos que há pessoas fazendo acessórios, chapéus customizados, bijuterias, lembrancinhas para casamento. Aqui chegam noivas em busca de fitas e pedrarias, elas querem fazer o convite por conta própria. Aumentou uma procura por pérolas e fitas para casamento. As pessoas gostam de mostrar o que elas fazem, presentear. O faça você mesmo tem outro significado”, garantiu.

// Setor estável

A empresária Silvana Garutti, proprietária da loja Mundo do Aviamento, trabalha no ramo há 22 anos. A sua paixão por moda a inspirou a montar o negócio. Segundo ela é um setor que se mantém estável durante o ano. “Aqui vendo de tudo um pouco, inclusive, a preço de atacado. É um mercado estável, não tem muita concorrência e as pessoas sempre têm necessidade de comprar algo no armarinho. Hoje percebemos que aumentou o interesse em concertar em vez de comprar uma peça nova. Muitas pessoas vêm comprar tecidos para diversas funcionalidades e sempre levam linhas e botões. Acredito que as pessoas sempre vão precisar dos produtos que os armarinhos vendem”, afirmou.

Para a professora de artesanato, Luciana Larangote, trabalhar com tricô e crochê são excelentes formas de gerar renda extra e presentear. “Realizar peças manuais tem outro valor para quem compra ou ganha. Eu dou aula para 20 mulheres e percebo o entusiasmo, sempre tem gente se matriculando”, ressaltou. A psicanalista, Letícia Galvão, fala das vantagens de fazer o próprio tricô. “Você escolhe o tamanho que você quer, a cor e o jeito que você quer fazer e ainda economiza”, assegurou.

Por Sacha Bourdette

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