Os brasilienses estão ansiosos para a festa mais alegre do Brasil: o Carnaval. Há algum tempo a data tem sido reinventada na capital. Dessa forma, os moradores do Distrito Federal estão preferindo ficar na cidade no feriado em vez de saírem de viagem. Por isso, a cada ano, as atrações estão mais completas. E os preparativos já estão a todo vapor para o Carnaval de 2018 no Distrito Federal.
Em 2018, a Terça-feira de Carnaval será no dia 13 de fevereiro. O Governo de Brasília, por meio da Secretaria de Cultura, lançou um edital de seleção para um patrocinador oficial do Carnaval de Brasília. Segundo o secretário de Cultura, Guilherme Reis, o patrocínio se dará por meio do fornecimento de bens e serviços necessários ao alcance do interesse público na execução da folia, tendo como contrapartida a autorização para exibição de publicidade e a ativação de marca do patrocinador. “Editamos um decreto do Carnaval para assegurar que sua manifestação tenha caráter público e democrático. A festa não é de governo nem de iniciativa privada. É uma manifestação espontânea da própria sociedade, um direito fundamental à cidade e à cultura. Nosso interesse é que se mantenha assim: sem cordas e de livre manifestação dos foliões”. Ainda segundo o secretário, o edital que foi publicado não torna o evento privado, mas gera possibilidade de investimento na cidade. “Isso não o privatiza, mas permite que tenhamos um Carnaval mais sustentável economicamente, uma vez que a iniciativa privada pode investir nos blocos em troca da difusão de sua marca, mas desde que observado os princípios de um Carnaval gratuito, público. Ou seja, a iniciativa privada participa, o governo participa, mas o Carnaval continua sendo do povo”, aponta Guilherme. O patrocínio será formalizado mediante assinatura de acordo de cooperação.
O secretário de Cultura afirma que essa inciativa surgiu pelo crescimento exponencial do Carnaval do DF nos últimos anos e da percepção de que as empresas começaram a se interessar em investir na cidade. Dessa forma, o governo reconheceu o papel do patrocinador como um elemento importante para desonerar os cofres públicos, uma vez que se diminui o investimento direto do Estado no fornecimento de estruturas para dos blocos de rua, por exemplo. “Chegamos perto de 2 milhões de foliões neste ano de 2017. Em outras capitais com mais tradição, empresas já investem há anos. Em 2015 tivemos um Carnaval com investimento privado direto, mas tímido, e em 2016 e 2017 um investimento por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Desta vez, partimos para o edital de seleção de um patrocinador oficial, modelo já utilizado, por exemplo em São Paulo e em Salvador”, explica Reis.
Ainda de acordo com o secretário, a expectativa é de atender 2,5 milhões de foliões pelo DF nos vários eventos de pré-Carnaval até a ressaca, após o 13 de fevereiro. “Normalmente, a concentração maior é no Plano Piloto, mas os eventos têm crescido em todas as regiões do DF. É importante frisar que eles são de iniciativa da própria sociedade civil. O governo apenas autoriza e regula o uso do espaço público”, diz. A proposta é uma Parceria Público-Privada, na qual o governo atua como regulador e organizador e o setor privado participa viabilizando estruturas e outros serviços, além de patrocínio artístico. Para tanto, o governo oferece algumas ferramentas, como a possibilidade de utilização de incentivos fiscais.
A gerente de Marketing da empresa R2 Produções, Nathalia Rezende, reafirma a mudança de comportamento dos brasilienses em relação ao Carnaval. “Nunca sentíamos confiança em fazer um evento de Carnaval em Brasília, por isso fizemos uma pesquisa para o Carnaval de 2017 e entendemos porque as pessoas saiam da cidade no período. Elas saiam porque não tinha atrações de peso na cidade”, comenta.
Diante desse fato, a produtora organizou em 2017 um evento no Carnaval com artistas nacionais e locais durante cinco dias no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. “Tivemos um público de 43 mil pessoas, mais de 8 mil por dia, sendo que desse público 11% vieram de fora da cidade”, afirma Nathalia. O sucesso da iniciativa foi tanto, que desde novembro a empresa está vendendo ingressos para o Carnaval 2018 e a proposta é aumentar ainda mais as atratividades aos longos dos anos, para assim o Carnaval de Brasília se consolidar como uma festa tradicional da cidade. “Nós temos um departamento que cuida só do Carnaval o ano inteiro”, acrescenta Rezende.
Para 2018, além de artistas consagrados no âmbito nacional e local, a produtora fará um palco alternativo que terá uma alusão ao Setor Comercial Sul, bairro tradicional da cidade, em parceria com o Coletivo Labirinto. “A intenção é dar empoderamento à cidade”, explica Nathalia. E também terão mais dias de apresentação, na comparação com a edição passada, sendo que um deles será exclusivamente voltado para o público infantil. A iniciativa é capitaneada pela R2 Produções, em parceria com a Verri E Verrri, Medley, Influenza, Upiano e GT10.
O comércio também será beneficiado diretamente com os foliões no período carnavalesco. O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), Jael Antonio da Silva, afirma que os bares localizados perto dos blocos de Carnaval têm aumento de 10% a 20% nas vendas. “Os brasilienses, neste ano de 2017, permaneceram na cidade, valorizando ainda mais a festa”, ressalta Jael.
O proprietário do Bar Brahma, localizado na 201 Sul, Mauro Calichman, afirma que no sábado e na segunda-feira de Carnaval, são os dias que o estabelecimento mais lucra, na comparação com os mesmos dias do resto do ano. “No sábado de Carnaval temos aumento de 15% no número de clientes e no faturamento. Mas, na segunda-feira o aumento ultrapassa os 100%. Isso porque, tradicionalmente, o bloco Galinho de Brasília sai exatamente da 201 Sul. Então, conseguimos manter nesse período o bar cheio, com 250 pessoas durante o dia inteiro”, aponta, Mauro.