Houve um tempo em que o Carnaval não era o forte de Brasília. A cidade que tanto orgulha os brasilienses por sua arquitetura arrojada, pelas vias arborizadas e pela qualidade de vida invejável não conseguia manter os seus habitantes na capital durante a festa mais democrática e animada do País. Era uma época em que as escolas de samba lutavam para colocar suas alegorias na rua, com algum incentivo do governo para realizar os desfiles, e praticamente apenas dois blocos resistiam: o irreverente Pacotão e o tradicional Galinho.
Nos últimos anos, entretanto, Brasília deu início a uma nova cultura de Carnaval de rua, com bloquinhos e festas que têm feito o brasiliense permanecer na cidade e curtir a folia no Distrito Federal, em um movimento democrático de ocupação dos espaços públicos e valorização da cultura popular. Muitos desses blocos começaram com um grupo de amigos, um amplificador e fantasias improvisadas. Aos poucos foram ganhando adeptos pelo caminho. Neste ano, a estimativa é que 1,5 milhão de foliões participem da festa, nos mais de 200 eventos oficiais que já animam as ruas desde o início de fevereiro. Há atrações para todos os gostos e mais variados perfis.
O GDF estima um giro na economia de R$ 500 milhões com o Carnaval de 2017. Foram cadastrados ambulantes para trabalharem de maneira legal e firmadas parcerias com a rede hoteleira para oferecer descontos em diárias para os hóspedes. Nesse contexto, o secretário de Turismo, Jaime Recena, tem razão ao responder uma jornalista de repercussão nacional que taxou o nosso Carnaval de chato. Recena está certo ao convidá-la para vivenciar os bloquinhos brasilienses. Não apenas pela folia realmente ter tomado proporções animadoras nos últimos anos, mas, sobretudo, porque essa festa aquece a economia, atrai turistas e projeta a cidade com mais essa característica: a de detentora de um Carnaval democrático, rentável e, sobretudo, divertido.
Adelmir Santana
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)