Os reservatórios de água do Distrito Federal atingiram os níveis mais baixos desde 1987. E agora, o que fazer? Apesar de muitos ainda estarem indiferentes em relação ao problema, a situação é grave. Essa pode ser uma crise hídrica sem precedentes para história de Brasília. A previsão mais otimista é que o reabastecimento da Barragem de Santa Maria e da Barragem do Descoberto, responsáveis pelo abastecimento do DF, ocorra apenas em março de 2017. Até lá, não podemos perder tempo. Se não passarmos a fazer um uso consciente e responsável da água a partir de agora, a economia brasiliense e todo o desenvolvimento da cidade entrarão em colapso.
Entre as causas do esgotamento de nossos recursos hídricos estão, sobretudo, o crescimento desordenado e a falta de planejamento. O desperdício e o consumo elevado também são questões sérias. Com o aumento populacional, áreas de recargas de aquíferos têm sido obstruídas pela impermeabilização do solo, que não é feita de maneira adequada. A degradação ambiental também atinge fortemente o Lago Paranoá, responsável por manter o clima agradável e um dos principais cartões postais de Brasília. Uma vez poluída, a água do lago não poderá ser utilizada no futuro como alternativa para o abastecimento.
A realidade é que a degradação e o consumo irresponsável aumentam a uma velocidade que o Estado não consegue evitar. Diante disso, é necessário criar planos para conter o crescimento caótico da cidade e, sobretudo, garantir a qualidade de vida no futuro, daqui a 50, 100, 200 anos. É necessário ter uma visão voltada para a susten-tabilidade e agir no presente, para que a situação não piore ainda mais. A solução para essa crise, em toda a sua extensão, passa principalmente pelo gerenciamento adequado das fontes hídricas e pelo investimento em educação. Só assim mudaremos os padrões de ocupação territorial e consumo da água, evitando o desperdício do nosso bem mais precioso.
ADELMIR SANTANA, presidente do Sistema Fecomércio/DF