Representantes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Confederação Nacional da Saúde (CNS) se reuniram em uma audiência pública, proposta pelo deputado federal Carlos Gomes (PRB-RS), nesta segunda-feira (22), na Câmara dos Deputados, para debater o Projeto de Lei nº 559/2015, que sugere a criação do Serviço Social de Saúde (Sess) e do Serviço Nacional de Aprendizagem em Saúde (Senass). As instituições formariam o Sistema S da Saúde no Brasil. A proposta desvincula os estabelecimentos de saúde da CNC e deixa a cargo da CNS a responsabilidade de organizar e administrar o setor.
O mediador da audiência, deputado Carlos Gomes, disse que sua intenção ao convidar os interessados foi o de criar um diálogo para encontrar a melhor saída, sem estabelecer um clima de disputa entre os setores. “É preciso analisar com muito cuidado as vantagens e desvantagens de se mudar uma estrutura de quase 70 anos de serviços prestados à população brasileira na formação de profissionais capacitados para atuar na área”, frisou o deputado.
Durante o encontro, a CNC defendeu a atuação do Sesc e do Senac na área de saúde e criticou a criação de um novo sistema. A Confederação do Comércio foi representada pelos vice-presidentes da entidade: Adelmir Santana, também presidente da Fecomércio-DF; Laércio de Oliveira, presidente da Fecomércio-SE; e José Evaristo dos Santos, presidente da Fecomércio-GO. No cenário atual, na opinião da CNC, não há necessidade da criação de mais entidades para o Sistema S, sendo que já existem instituições que suprem essa lacuna de forma eficaz.
O presidente da Fecomércio-DF também lembrou a importância dos cursos do Senac ofertados na área da saúde. “Quando os alunos concluem os cursos voltados para a área de saúde, como o curso de enfermagem, por exemplo, já são imediatamente contratados pelo mercado de trabalho. Os laboratórios são de alto nível, suprindo todos os setores da saúde e preenchendo as lacunas do mercado”, salientou Adelmir.Em complemento, o presidente da Fecomércio-SE, Laércio de Oliveira, falou um pouco da criação do Sistema S do comércio e da efetividade do trabalho das instituições que estão em quase todos os municípios do País. “Há 70 anos o Sesc e o Senac adotam esse amplo conceito de saúde que envolve o estado físico, mental e social, não apenas a simples ausência de doença. Se o novo sistema for criado em quanto tempo esses novos serviços sociais autônomos se estruturariam para ofertar programas de excelência aos trabalhadores? Em quanto tempo constituiriam redes físicas e tecnologias como as do Sesc e do Senac? São questões que precisam ser refletidas”, argumentou Laércio.
Já o presidente da Fecomércio-GO, José Evaristo dos Santos, falou um pouco do atendimento do Senac e sobre a estrutura voltado para a qualificação profissional na área da saúde. “Um aluno que queira trabalhar como cuidador de idoso ou infantil pode em seguida caminhar para cursos técnicos de enfermagem, e a partir daí fazer cursos de tecnologia em gestão hospitalar. O Senac possuí todo esse itinerário fantástico, promovemos uma educação profissional de excelência na área da saúde, que tem muitas demandas”, afirmou. “Possuímos ainda cerca de 520 ambientes pedagógicos para que possa ser desenvolvida essa qualificação necessária para saúde. Contamos também com 87 carretas escolas que são levadas aos municípios mais distantes do País, que não podem ter uma unidade física do Senac. Temos uma balsa escola para que na região norte os ribeirinhos tenham acesso a educação na área de saúde”, ressaltou José Evaristo.
O deputado federal Eduardo Rocha também esteve presente na audiência e salientou que o fracionamento do Sistema S pode causar a interrupção de vários serviços. “Estados pequenos vão sofrer muito com isso. O acre, por exemplo, têm investimentos do Sesc e do Senac que ,certamente, se não fossem por eles jamais chegariam até lá. Já o deputado Arnaldo Faria disse que desde 1988 estão tentando acabar com o Sistema S. “Em vez de dividir devíamos tomar cuidado para não fortalecer os argumentos de quem quer findar com esse sistema. O sistema S têm inimigos ocultos demais”, lembrou Arnaldo.