Adelmir Santana
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)
Imagine uma sociedade onde os indivíduos criativos e inovadores são obrigados a carregar o mundo nas costas. Empresários, pensadores, cientistas e outros cidadãos produtivos são explorados por políticos e autoridades governamentais que não reconhecem o valor do trabalho e da produtividade. Por meio da corrupção e da burocracia, esses representantes do Estado tentam impedir o progresso individual e coletivo. Esse cenário foi descrito pela romancista Ayn Rand em 1957, no livro A Revolta de Atlas. Passados mais de 50 anos, as semelhanças dessa ficção norte-americana com o Brasil atual me parecem bastante reais.
Vivemos hoje no País a era da excessiva interferência do governo na vida dos cidadãos. E, neste caso, entenda-se por governo os Poderes Legislativo e Executivo, que efetivamente governam. Essas instituições passaram a querer controlar tudo, até mesmo o consumo dos indivíduos, a informação e o mercado. Ao ponto de que agora não nos é permitido escolher nem mesmo um serviço de transporte de passageiros ou um mecanismo mais eficiente para assistir filmes. Enquanto isso, o nosso empreendedorismo sofre para superar obstáculos de ordem jurídica e tributária inventados a cada segundo, como se fosse proibido crescer.
Felizmente, parece-me que os brasileiros acordaram e já não aguentam mais essa exploração. As manifestações desse domingo, em minha opinião, confirmam isso. As pessoas estão se dando conta de que o governo que deveria nos prover, ao invés disso passou a nos usurpar. O Estado cresceu tanto no Brasil que se tornou uma máquina monstruosa a serviço de corruptos e burocratas. Do outro lado, nós que trabalhamos e geramos emprego e renda não temos acesso, sequer, a educação, saúde, segurança ou transporte público de qualidade, tamanho e o desgoverno brasileiro. Não vejo outra solução a não ser punir os corruptos e reformar a política. A partir daí, sim, conseguiremos construir um novo modelo de democracia.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília e no Jornal Alô Brasília, 17/08/2015.