A inadimplência do Governo do Distrito Federal (GDF) com as empresas de Tecnologia da Informação está causando uma onda de desemprego no setor. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF), Charles Dickens, o GDF não paga as empresas desde janeiro de 2015. “No primeiro trimestre de 2015 já foram perdidas quase 3.200 vagas por demissão e cancelamento de projetos das empresas de TI do Distrito Federal”, ressalta Charles.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, entre o primeiro trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2015 a taxa de desemprego no Distrito Federal saltou de 8,7% para 10,8%, um aumento superior a dois pontos percentuais, o maior verificado no País. O Distrito Federal passou da condição de 10ª pior taxa de desemprego entre as 27 unidades federativas para a 4ª pior taxa do País. “Em alguns setores, como é o caso do setor de serviços de informática, esta taxa de desemprego chega próxima ao patamar de 17% nesse período”, aponta Dickens.
Ainda segundo o presidente do Sindesei-DF, por trás do atraso dos pagamentos está uma manobra jurídica que pretende criar mecanismos fora do contrato para parcelar a dívida através de um decreto de Despesas de Exercícios Anteriores e Restos a Pagar, prometido pelo governador para este mês de maio e até agora sem data para publicação. “Enquanto esperam o pagamento ou a publicação do decreto, as empresas de serviços de TI não vêm outra alternativa senão o corte de despesas, e a maior delas é a de pessoal”, lamenta.
A situação é crítica e Dickens acredita que ainda pode piorar. “Caso o Governo Federal, e principalmente o GDF, não volte a cumprir suas obrigações contratuais em curso com as empresa de TI, nossa previsão é que no segundo trimestre de 2015 a taxa de desemprego setorial de serviços de TI alcance a casa dos 20%”, ressalta o presidente.
Para tentar frear o ritmo das demissões, o GDF precisa pagar as dívidas com as empresas de TI pelos serviços já prestados e materiais fornecidos. “As empresas celebraram contratos com o GDF, e não com a administração deste ou daquele governador. As empresas prestaram os serviços previstos e forneceram o que foi contratado. Não pagar é quebra de contrato. O resultado é um só: demissão em massa para não ter que recorrer a Recuperação Judicial ou Falência”, declara Charles Dickens.
