Brasília está assustada. O assassinato de Maria Vanessa Veiga Esteves, servidora do Ministério da Cultura, expõe uma das faces mais intimidadoras da violência: a sua banalização. A mineira que veio para a capital federal commedo da criminalidade morreu a poucos quilômetros do gabinete do presidente da República, em uma das quadras mais movimentadas da Asa Norte, com a maior quantidade de bares. Foi morta com uma facada nas costas, golpeada por um jovem de 15 anos que, conforme o relato, não se importou com os suplícios da vítima.
Cometeram o que, no código penal, define-se como latrocínio – roubo seguido de morte. Mas para a sociedade e para o Direito, eles também cometeram um crime hediondo.
Ao praticarem tamanha crueldade, acabaram por violentar toda a população e expuseram não só a fragilidade da vida e a frieza de seus atos, como escancararam a insegurança pública existente hoje, em Brasília e no Brasil. Até algum tempo atrás, quem imaginaria que uma pessoa poderia ser morta a facadas em plena 408 Norte? Hoje, ninguém está a salvo, em nenhum lugar. É isso que os criminosos deixaram claro, ao ridicularizarem as políticas de segurança do Estado.
Perceba-se que, na mesma quadra, na noite anterior, um comerciante sofreu uma tentativa de assalto e fez o alerta para polícia, que não chegou a enviar uma viatura ao local. Mais espantoso ainda é que a mesma polícia já havia detido o autor do latrocínio em outros episódios. Isso denota a absoluta falência das estratégias de combate ao crime. Em um momento, falta repressão. Em outro, quando a repressão é bem-sucedida, os criminosos se livram por falhas da Justiça. Ou seja, estamos enxugando gelo. Só que enquanto as autoridades assistem ao Brasil derreter, os comerciantes, a população em geral, está atrás das grades. Nas ruas estão os bandidos, que matam por matar, seja onde for. Infelizmente, Maria Vanessa não conseguiu fugir da violência quando veio para Brasília. Será que algum de nós conseguirá?
Adelmir Santana é presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)