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A Carta da Paz Social viverá enquanto houver Sesc e Senac

Francisco Maia
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)

Já se vão 74 anos desde que representantes das classes produtoras do campo, da indústria e do comércio brasileiros se reuniram em maio de 1945, em Teresópolis (RJ), para discutir o Brasil que emergiria no pós-guerra. O cenário global era de cisão econômica e ideológica, mas os desafios brasileiros mais urgentes referiam-se, então, à questão social. Aqueles pioneiros entenderam que o setor produtivo deveria somar-se ao esforço do Estado, ampliando o alcance das ações sociais e estruturantes para os trabalhadores. Desse encontro resultou a histórica Carta da Paz Social, que propunha o entendimento entre capital e trabalho, pela defesa da liberdade empreendedora e da dignidade do trabalhador e sua família.

Logo no primeiro parágrafo, o texto estabelece a democracia e a defesa das instituições como essenciais à felicidade humana. A ideia de criar um fundo social é proposta por aqueles pioneiros que, ao justificar, mostraram entender que atender às necessidades urgentes dos que vivem no campo e nas cidades era mais do que mecenato, mas um ato de justiça social.A carta é registro histórico importante, que nos mostra como aquelas lideranças enxergaram além dos números. Prevaleceu a sensibilidade social, a ideia de que desenvolvimento econômico não vem desacompanhado da elevação do padrão de vida dos brasileiros e da melhor distribuição da riqueza. Entenderam que o capital não visa apenas ao lucro, mas também ao bem-estar coletivo. Uma visão moderna que conjuga produtividade com redução dos custos dos bens de consumo, beneficiando toda a população.

Valores humanos, cultura, trabalho, qualidade de vida. O que o documento aborda e defende permanece indiferente à passagem dos anos. Como as bandeiras levantadas contra a inflação, a burocracia perniciosa, a carga tributária excessiva e a falta de moradias. Ao momento histórico da elaboração da Carta da Paz Social está associada a origem do Sesc e do Senac, entidades que prestam serviços sociais e de aprendizagem profissional comercial que, há sete décadas, são realizados com excelência por todo o Brasil, transformando vidas e abrindo caminhos para a inclusão social e o aprimoramento dos setores de comércio, serviços e turismo.

Inspirado por um ideal dos empregadores de cooperar para o desenvolvimento do ensino profissional, o Senac nasceu com a missão de educar para o mundo do trabalho e propiciar aos empregados a maior soma de bem-estar e igualdade de oportunidades. Hoje, está presente em mais de 1,8 mil municípios e oferece cursos presenciais e a distância que permitem ao aluno aprender fazendo, seguindo uma trilha de conhecimento capaz de levá-lo da formação inicial e continuada até a pós-graduação.

Esse é o percurso da dignidade, possibilitando ao indivíduo um crescimento pessoal legítimo por meio da educação profissional. O cidadão passa a ocupar um lugar de destaque na sociedade quando conquista uma profissão digna, transformando a própria vida e a realidade da família. É um princípio tão presente na origem do Senac que, desde 2014, a instituição investe 66% da sua receita líquida em gratuidade. Ao longo dos últimos 10 anos, garantiu acesso à educação profissional gratuita a mais de 2,59 milhões de brasileiros.

A criação do Sesc, por sua vez, é descrita pela primeira vez na Carta da Paz Social como parte de uma missão focada em melhorar continuamente o nível de vida dos empregados e facilitar os meios para o aperfeiçoamento cultural dos trabalhadores. Com essa perspectiva, desde então o Sesc mantém como pilares a cultura, a saúde, a educação, o lazer e a assistência social, atendendo a mais de 5 milhões de pessoas.

Presente em mais de 2 mil municípios, funciona há 73 anos como reduto de desenvolvimento humano e social para toda a sociedade brasileira. Um ambiente onde as pessoas podem estudar, se emocionar, praticar esportes, crescer e envelhecer com qualidade de vida. Essas são apenas algumas das experiências vividas com excelência dentro das unidades do Sesc.Somente com o programa Mesa Brasil, a instituição beneficia mais de 1 milhão de brasileiros por mês, buscando onde sobra e entregando onde falta, com um dos maiores programas de combate à fome e ao desperdício de alimentos do país. É um caso de sucesso. O Brasil, em sua imensa riqueza e potencial, tem saída. As lideranças históricas do setor produtivo já nos apontaram o caminho do entendimento e da união. Cabe à sociedade não deixar que essas ideias e ações se percam no enorme vazio da insegurança e do ódio.

 

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