A operação Lava Jato e os seus desdobramentos têm revelado o jeito sujo de se fazer política no Brasil. Ficou escancarado para a população como o uso de caixa dois era uma constante nas campanhas eleitorais majoritárias, como muitos partidos distribuíam essas propinas entre os seus integrantes, como se dava a compra de votos e até como se estabeleciam as relações criminosas entre empreiteiros e agentes públicos. Essa maneira de fazer política se enraizou no País principalmente devido ao clientelismo, praticado por políticos preocupados em trocar favores para alcançar, obter ou se firmar no Poder.
É uma forma velha de se fazer política. Mais do que isso. É um crime contra a nação na medida em que dilapida o Estado. E o que se espera da Justiça é que puna os responsáveis por esses crimes. Paralelamente, o que se espera dos políticos é que não perpetuem esses atos. Não podemos mais aceitar que um governo, qualquer que seja, utilize um ministério ou uma secretaria como cabide de emprego para compensar o apoio de determinado partido. Não faz sentido que o PSDB, por exemplo, insista em seguir com uma ação contra o presidente da República ao mesmo tempo em que se recusa a sair da base. É puro fisiologismo.
Soa igualmente contraditório que, no plano local, o PR tenha ao mesmo tempo um deputado distrital que é “líder de governo” e outro que é de oposição. Esses exemplos só demonstram que não há no ambiente político uma verdadeira visão reformista do Estado, muito menos uma intenção de romper com o “toma lá, dá cá”. Temos que exigir o fim desse modelo fértil para corrupção e praticar mais a verdadeira política, aquela compromissada com o interesse público. Essa política nós podemos exercer no dia a dia ou cobrando dos governantes uma mudança na prática. Fazer política para servir ao público, buscar soluções éticas, simples e inovadoras, é algo digno e honroso. O que não podemos aceitar, nem agora e nem no futuro, é a continuidade da velha política.
Adelmir Santana é presidente do Sistema Fecomércio-DF.