A crise econômica, política e ética que se abate sobre o país leva as pessoas a desacreditarem das instituições políticas e de seus representantes. Até valores da democracia são questionados. As pessoas estão perdendo a esperança no futuro. É hora de buscarmos o entendimento em meio às diferenças. E a crise tem nos mostrado que precisamos deixar para trás velhos esquemas e construir novas realidades para o país e para Brasília.
Por isso surpreende a movimentação de tradicionais políticos da cidade, de diferentes matizes à direita e à esquerda, já visando às eleições de 2018. Não que não tenha sido assim no passado, pois sempre houve a articulação antes da campanha eleitoral. Mas o quadro mudou e parece que esses políticos não veem o que está acontecendo: a percepção que os cidadãos têm hoje dos políticos, dos partidos e da política é a pior possível. E nenhuma candidatura se consolidará sem que esse ruído seja superado. As pessoas responsabilizam os políticos pela crise e estão descrentes do sistema eleitoral. Mas alguns políticos, desconsiderando esse cenário, agem como se estivéssemos em 2010 ou 2014: articulam candidaturas e chapas ao velho estilo, anunciando acordos cujas bases o eleitor não conhece e dos quais, naturalmente, desconfia. O governador, por sua vez, expõe exaustivamente o que considera feitos de sua gestão, como se propaganda tudo resolvesse, mas não dá resolução a gravíssimos problemas e carências que afetam os brasilienses.
Antes de falarmos em candidaturas, temos de discutir os enormes problemas de nossa cidade e as soluções possíveis neste quadro de crise. Erros e falhas só serão superados pelo debate, amplo e qualificado, que busque soluções consistentes para as inúmeras carências de nossa cidade. Tratar as eleições de 2018, desde já, sob a ótica das práticas tradicionais só afastará ainda mais a população da política e do pleito. As pessoas esperam perspectivas para um futuro melhor.
Adelmir Santana é presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)