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Restaurantes de Brasília se unem para gerenciar corretamente o lixo

Em janeiro de 2018, começou a valer a última etapa da Lei Distrital 5.610/2016. A partir de agora, os grandes geradores de lixo do DF, estabelecimentos não-residenciais que produzem, diariamente, mais de 120 litros por dia de lixo não reciclável, como papel higiênico, fralda descartável, absorvente íntimo e porcelana,  serão responsáveis pelos resíduos que produzem até a destinação final. Isso significa que o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) encerrou a coleta dos rejeitos não recicláveis e orgânicos produzidos por instituições privadas.

Além de instigar a responsabilidade social com o lixo, a medida gera economia aos cofres do SLU. O órgão calcula que, deixando de recolher 300 toneladas de lixo por dia, R$ 1 milhão é economizado por mês. “No início, os empresários reclamaram. Mas é como pagar a conta de água, de luz. O mais importante é despertar a consciência de que gerar lixo, gera custo. Até então, essa conta era pública, mas, agora, cada um tem sua parcela de responsabilidade”, explica o diretor técnico do SLU, Paulo Celso dos Reis. A empresa paga, em média, R$ 250 para coletar, transportar, tratar e fazer a disposição final de uma tonelada de lixo, no aterro sanitário.

Parceria com SLU-8 BOLETIM

A medida transfere para os estabelecimentos comerciais, órgãos públicos, terminais rodoviários e aeroportuários a responsabilidade pela destinação dos resíduos produzidos. Nesse caso, a regra atinge boa parte dos bares e restaurantes do DF, o que tem feito o setor se movimentar em busca de soluções ambientalmente corretas. É nesse contexto de conscientização que foi criado o Instituto Ecozinha.

Já que a responsabilidade de gerenciamento é do grande gerador, o melhor é que o processo seja feito corretamente. Quem defende isso é o idealizador do Ecozinha Paulo Mell, proprietário de um dos estabelecimentos mais tradicionais em Brasília, o restaurante Dona Lenha, Em vez de contratar uma empresa para levar todo o lixo misturado e despejar no aterro sanitário, ele escolheu o caminho diferente. Criou um modelo próprio que diminui a geração de resíduos e o desperdício de alimentos, e organizou a logística e a transformação do material. Hoje, um restaurante como o Dona Lenha, produz aproximadamente 700 litros de lixo por dia. O que significa um equivalente a 14 sacos grandes de 50 litros que normalmente é usado em casa. Desse total, 65% são resíduos orgânicos; 10%, vidro; 15%, materiais recicláveis; e 10%, rejeitos (papel higiênico, por exemplo). “É preciso aproveitar e esgotar todas alternativas com o lixo, conforme diz a Política Nacional de Resíduos. Já me considerava um ambientalista e vivia isso na minha vida particular. Pensei que eu precisava fazer algo para o comércio e para o meu negócio”, conta Paulo.

No entanto, de acordo com a nova legislação, o SLU será responsável pela logística e destinação apenas dos materiais recicláveis. Mas o que acontece com o restante? Se o restaurante produzir mais de 120 litros por dia, ele será considerado “grande gerador” e terá de dar conta do recado. Com isso, a mudança na lei obrigou o setor de restaurantes a desenvolver um programa para gestão de resíduos. Paulo, explica que já estudava o tema e propôs o modelo do Ecozinha. Convidou para se juntarem à rede Dona Lenha 15 casas tradicionais da cidade: Baco Pizzaria, Beirute, Belini, Carpe Diem, Daniel Briand, Dom Francisco, El Paso, Feitiço Mineiro, Grand Cru, Green’s, La Boulangerie, Marietta & Marvin, Oliver, Universal Diner e Santa Pizza. Nascia o Instituto Ecozinha. Segundo a Lei dos Grandes Geradores, a separação do que pode ser reciclado ocorre depois da coleta no grande gerador. É justamente essa a principal diferença para o modelo Ecozinha, adotado pelos restaurantes que integram o Instituto. Os resíduos já são separados na origem. “O Ecozinha é uma entidade sem fins lucrativos, com a missão de propor e implementar ações sustentáveis para o setor de alimentação”, explica Paulo.

Além da gestão do lixo, há o compromisso com ações relacionadas ao uso responsável da água, geração de emprego e energia limpa. No entanto, Paulo alerta: antes de cobrar algo, é preciso educar. “Antes de você exigir algo na vida, você precisa primeiro educar. E isso serve para o comerciante também. Não é só jogar responsabilidades para o empresário. Nosso projeto faz o caminho inverso do governo. Ele é ambiental e o primeiro passo para quem quer aderir é ter conscientização e ser educado em como funcionará todo esse processo”, explica.

// Ações sustentáveis

Lançado em outubro de 2017, o Ecozinha já virou realidade no comércio local e, segundo Paulo, a estimativa é que até agosto a ideia alcance 52 restaurantes no DF. Para facilitar toda essa logística, o Instituto instalou pontos de coleta nos restaurantes associados, para coleta de vidro, metal, papel e plástico. Esses bunkers, como é conhecido, já somam um total de 36 pontos instalados pela cidade.  A operacionalização acontece da seguinte forma: a medida que as lixeiras enchem, o material reciclável é levado para uma espécie de bunker ou Ponto de Entrega Voluntária (PEV). Essas estações foram montadas do lado de fora do restaurante. Quando elas atingem a capacidade máxima, cooperativas recicladoras são acionadas e fazem a coleta. No caso dos orgânicos, o destino é um pátio de compostagem. Segundo Paulo, no caso do Dona Lenha, o que sobra para o SLU são apenas 75 litros de rejeito, o equivalente a 10% do que o restaurante produz. Resultado: o Dona Lenha passou para a categoria “pequeno gerador”.

Para os comerciantes que enxergam o real valor de iniciativas como essa, o Instituto Ecozinha é, na verdade, um grande esforço para conscientização e solução de um problema. Quem aderiu e se entusiasmou com a ideia foram os responsáveis pelo restaurante Feitiço Mineiro, localizado na 306 da Asa Norte. Mauro Calichman, diretor executivo do Feitiço e Maria Paula de Luca, diretora de Operações, explicaram como entraram no projeto, diminuíram drasticamente a produção do resíduo e passaram a dar a destinação correta para o lixo. “O processo de destinação do lixo é algo que nos preocupava no início. A ideia do Paulo é genial. O serviço que eu tinha antes com o SLU hoje nós temos com o Ecozinha. Com uma diferença: Estamos transformando hábitos saudáveis e aproveitando todo o lixo de forma correta”, explicou Mauro. Com bunkers no restaurante para a separação correta do lixo, Maria Paula explica que o investimento feito é importante e vale a pena. “Sabemos que tem custo toda essa logística. Com o Ecozinha, sabemos que o lixo será efetivamente aproveitado, além de ser uma forma para gerar emprego”. Dentro da cozinha do restaurante, cada tipo resíduo tem lugar certo: metal, papel, plástico e vidro. Orgânicos e rejeitos, como papel higiênico, recebem tratamento especial.

// Vidro

O curioso é que como não existe indústria recicladora de vidro em Brasília, o material é considerado rejeito pelo SLU. Inicialmente, uma das principais dificuldades para gerenciamento de resíduos sólidos por restaurantes é justamente o vidro. Algumas casas chegaram a suspender a venda de bebidas em vasilhames de vidro descartável. Foi ai, que o Instituto Ecozinha firmou uma parceria com a Green Ambiental para a empresa recolher o material nas casas associadas e transportar para reciclagem em São Paulo (SP). Com isso, os estabelecimentos também recebem um bunker para coleta dos vidros.

Um exemplo de como lidar com a destinação do lixo e principalmente do vidro é o bar Pinella (408 Norte). Flávia Attuch, proprietária do local, decidiu diminuir drasticamente a produção desse tipo de resíduo. Há quase quatro meses, ela parou de comprar e oferecer aos clientes long necks de grandes cervejarias. “Acho um absurdo um material 100% reciclável ir parar no lixão. Tentamos a logística reversa com as grandes empresas produtoras, tentamos dar destinação correta com a ajuda de cooperativas, mas nada deu certo”, conta a empresária. Com essa medida, Flávia garante eu cerca de duas mil garrafinhas deixaram de ser descartadas no aterro sanitário mensalmente. “A iniciativa foi muito bem aceita nas redes sociais, mas o consumo diminuiu porque muitos clientes não trocam a garrafa pela latinha. A aceitação no inicio das pessoas foi difícil. Tivemos que compensar de outras formas como, por exemplo, oferecendo um copo que o cliente pode usar e, se quiser, levar para casa paga uma pequena taxa”, afirma Flávia. Os estabelecimentos do segmento de restaurantes, bares e hotéis que se interessarem em participar do projeto Ecozinha podem encaminhar e-mail para: [email protected].

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