Sempre que um governante anuncia a criação de uma secretaria, um ministério ou uma empresa pública eu me pergunto: essa é a solução para o problema? O Estado já não está suficientemente inchado, caro, lento e burocrático? No Distrito Federal, chamou a minha atenção a confirmação de que o GDF criará a Secretaria das Cidades. Em meio a uma crise financeira e a uma necessidade de cortar gastos, essa não me parece a melhor decisão. Além do mais, ó preciso levarem consideração o grande entra e sai de secretários e o elevado número de pastas existentes hoje, que agora somam 18 secretarias.
O argumento é que o novo órgão é uma reivindicação dos administradores regionais. Eles pedem uma articulação e uma interlocução permanente com a cúpula do governo. A meu ver, esse trabalho deveria ser feito pela Casa Civil, Habitação ou Relações Institucionais. Essas secretarias não servem para fazer essa ponte? Se o Executivo local precisa criar um órgão para que os administradores possam dialogar com o governo, imagine o que será preciso para que os 18 secretários possam trabalhar deforma integrada? A lógica está equivocada. Quanto mais níveis em uma estrutura, mais instâncias de aprovação e mais respostas demoradas. É um principio básico de gestão.
Ainda nessa visão distorcida, o governo jura que a nova pasta não implicará em aumento de gastos. O argumento é que os recursos serão transferidos de outras secretarias para o novo órgão. Mais uma vez me parece estranho. Ou está sobrando dinheiro, ou está havendo desperdício. São recursos que poderiam ser economizados. Nos últimos dias, só o que se ouve falar no DF é da crise na segurança e da ameaça do Aedes Aegypti. Enquanto isso, a imprensa denuncia secretários com salários turbinados pela participação em conselhos e projetos de redução de despesas paralisados. O que me faz voltar ao questionamento inicial: Brasília já não tem problemas demais? O GDF precisa mesmo de uma nova secretaria?
Adelmir Santana é Presidente do Sistema Fecomércio-DF