Governar é contrariar interesses. Um governante não pode se preocupar nunca em agradar apenas a um determinado segmento, pois na verdade não estará agradando a ninguém. Reivindicações de um único setor podem ir, na maioria das vezes, contra o conjunto da sociedade. Por isso, o governador Rodrigo Rollemberg acerta ao não conceder o reajuste salarial a algumas categorias de servidores públicos e tem o total apoio da Federação do Comércio nessa decisão. A medida do governo de Brasília deve ser vista como um ato corajoso de responsabilidade fiscal e como um compromisso com a população brasiliense.
É importante que o funcionalismo público entenda que o Estado está quebrado e o momento é de recessão. Não faz sentido conceder aumento para apenas 7% da população enquanto quase 300 mil pessoas estão desempregadas. É fundamental ainda que o brasiliense veja que hoje as despesas realizadas para pagar a folha de pessoal consomem nada mais, nada menos, do que 77% de toda a receita da administração pública. Outros 20% são gastos para manter a máquina e 1% vai para quitar as dívidas com a União. Sobram apenas 2% para investimento. Com essa estrutura, inchada e ineficiente, o Estado não tem como cumprir as suas premissas mais básicas, que envolvem o investimento em educação, saúde, segurança e transporte.
Enquanto algumas categorias estão promovendo greves, sabendo que não existem recursos em caixa, os empresários que possuem contratos com o governo estão sem receber há meses. O contribuinte não pode arcar com mais impostos apenas para bancar o funcionalismo. Esse modelo de Estado faliu. O governo de Brasília está apenas sendo coerente em optar por pagar salários ao invés de conceder reajustes. Chegamos a um momento em que precisamos compreender a realidade e definir, de forma clara e objetiva, um limite para os gastos públicos. Além de ter coragem para discutir a questão da estabilidade no funcionalismo. A verdade é que do jeito que está não dá mais.
*Adelmir Santana, Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomérco. Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)