A criminalidade ronda o Distrito Federal e a insegurança tem se tornado um problema crônico na capital da República. Em pouco mais de cinco meses, cidadãos foram mortos no caminho da faculdade, nas proximidades de suas casas e até mesmo na porta da escola. O comércio tem sido um alvo constante, com muitos estabelecimentos revendo os seus horários de funcionamento ou até desistindo de algumas operações. Dados da própria Secretaria de Segurança Pública indicam que de janeiro a maio deste ano já foram registrados 1.301 roubos em comércio, um aumento de 3,7% em relação ao ano passado.
A mesma pesquisa é utilizada pelo governo, porém, para sustentar que o número de homicídios e latrocínios diminuiu. A queda nos homicídios foi de 5,1% e em latrocínios de apenas uma ocorrência. Será, então, que os brasilienses ou os meios de comunicação estão retratando um medo fictício? Claro que não. Qualquer redução na criminalidade é positiva, mas não acaba com o temor da população, inclusive porque outros crimes cresceram e alguns sequer são notificados. Na nossa análise, os índices de roubos contra o comércio, por exemplo, são mais altos. No entanto, vários casos não são registrados porque os proprietários perderam as esperanças depois que as suas lojas foram roubadas três ou quatro vezes seguidas.
O fato é que a violência se torna banal quando a impunidade prospera. E o medo aumenta quando a população se encontra desamparada. A sensação de insegurança é elevada porque as ruas de Brasília estão mal iluminadas, porque os mesmos comércios são assaltados inúmeras vezes, porque 86,4% dos crimes são contra o patrimônio, porque os criminosos estão à solta, e porque pessoas são assassinadas e essa violência simplesmente não tem fim. O silêncio das autoridades, que deveriam se explicar, mas não o fazem, só reforça essa sensação de abandono e descrença. Nós, por outro lado, não podemos deixar de registrar os crimes, nem que seja para ficar bem clara a atual insegurança pública no DF.
*Adelmir Santana , Presidente do Sistema Fecomércio- DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)