O presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo do Distrito Federal, deputado distrital Bispo Renato Andrade (PR), participou na noite desta terça-feira (30), da reunião de Diretoria da Fecomércio-DF, que ocorreu na sede da entidade. O convite partiu do presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana, que na época do lançamento da frente foi escolhido como o interlocutor entre o setor empresarial e o grupo. Bispo Renato fez uma apresentação da frente e respondeu perguntas do empresariado sobre o momento político atual.
Em discurso, o deputado Bispo Renato, afirmou que o setor produtivo brasileiro, em especial o do Distrito Federal, não tem recebido o devido tratamento do poder público. “Temos visto a carência de políticas públicas voltadas para o setor produtivo de uma maneira geral, temos visto uma economia que não consegue desvencilhar-se do setor público, especialmente em Brasília. Parece que a inércia do governador Rodrigo Rollemberg é extremamente grande, não consegue reagir”, afirmou o parlamentar. Para ele, essa é a maior crise que Brasília está enfrentando desde o período mais difícil, que foi o da Caixa de Pandora.
O presidente da Fecomércio, por sua vez, elogiou a frente parlamentar. “Eu fiquei muito entusiasmado com a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo pelo número de parlamentares que a subscreveram, levando em conta a pulverização partidária que existe na nossa representação na Câmara Legislativa”, destacou Adelmir Santana.
Uma questão apontada pelo Bispo Renato foi sobre a carga tributária altíssima no DF, que afugenta investidores. “Eles preferem instalar suas empresas em outros Estados, como nosso vizinho Goiás, acarretando consequentemente em perda de oportunidades, de emprego e de arrecadação”, disse o distrital. Segundo ele, esses foram alguns dos motivos que motivaram a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo do Distrito Federal.
Perguntas dos empresários do comércio:
P: Recebi uma matéria que dizia que em seis meses os gastos do GDF com veículos oficiais superaram a média dos últimos seis anos. Se houveram demissões e os sub-secretários já não usam mais esses veículos, o que justificaria esse valor acima da média dos últimos seis anos?
R: No próprio corte de comissionados no governo, ele (governador) disse que cortou, mas para ser sincero, ele só cortou o número de comissionados, mas aumentou o valor do salário. Sabe qual foi a economia com o corte que ele disse e que você vai aos lugares, órgãos públicos e não tem servidor para atender? Representou a economia de apenas 2.3%. Resultado, absolutamente nada, tirou o servidor, mais aumentou o salário. Então não melhorou absolutamente nada aquilo que está acontecendo no Distrito Federal e essa economia não aconteceu até agora.
P: Existe hoje um projeto de lei, de autoria do senhor, que pretende destinar 15% do Fundo de Apoio a Cultura a projetos cristãos. A minha pergunta é a seguinte, nós estamos falando da defesa do setor produtivo e existe hoje a economia criativa de Brasília, que é uma área muito forte e depende muito desses recursos do FAC e a minha pergunta é: primeiramente como está esse processo da destinação desses 15% e, segundo, se o senhor acha justo destinar 15% dos fundos, que são totalmente democráticos, ou seja, qualquer pessoa de qualquer religião, de qualquer cor pode acessar esses fundos, se isso não fere de certa forma a laicidade do Estado, que tem que ser laico, e também se não fere a isonomia das pessoas poderem, qualquer pessoa, acessar esses fundos?
R: Primeiro, o Estado é Laico, mas nós não somos. Segundo, não é para religião, é para cultura também, até para tirar o foco das emendas parlamentares. A Via Sacra de Planaltina é o espetáculo maior de Brasília hoje, mas toda vez que vai realizar ela, é necessário que se apresente emendas parlamentares e vira uma verdadeira persignação. Você pega outros eventos, agora tivemos a Federação Espírita, no Centro de Convenções. Quiseram dar desconto para que eles pudessem realizar o evento no Centro de Convenções. Quando nós apresentamos esse projeto de lei foi para trazer a um debate aquilo que está acontecendo: 60% do fundo não é gasto, se gasta 40%. Então, é sinal de que nem os produtores ou os que promovem a cultura no Distrito Federal estão sabendo usar o orçamento. Então, no momento que nós estamos fazendo isso e conversei com o fórum de cultura, disse que não aprovaria o projeto, não levaria ao plenário, enquanto nós não esgotássemos todo fórum de discussão para que a gente pudesse saber qual é o melhor modelo. Eu sou uma pessoa que estou pronta a aceitar os meus erros e a corrigi-los. Pois se gasta milhões em eventos, e a maioria desse dinheiro é desviado do fim dele, que é a cultura. Essa é uma discussão, se ao final dessa discussão eu entender que estou errado, eu tenho a humildade suficiente de dizer que estou retirando o projeto.
P- Atualmente 40 % dos jornalistas já foram demitidos dos veículos de imprensa, isso no setor de rádio, de empresas de promoções e outras. Em que essa frente poderia nos ajudar no sentido de prontificar o governo a começar a pagar os veículos e os demais setores?
R- Estamos apresentando para o governo de que essa divida pode ser paga sem precisar utilizar recursos públicos, pode ser pela iniciativa privada vendendo, criando um fundo, para pagar as dívidas que o governo tem hoje com todo o setor produtivo. Paga o que se está devendo para que se comece um novo investimento em todas as áreas. Temos uma frente composta por 12 deputados. A nossa briga com o governador tem sido essa. Porém, o governador disse que vai quitar a dívida. Essa é a nossa briga para que ele pague o que deve. É dever do Estado pagar o que deve, essa luta está sendo desenvolvida.
P: Não existe transporte público a partir de uma hora da manhã, os funcionários de bares, restaurantes e similares ficam pelos pontos de ônibus até o dia amanhecer ou então vão caminhando para a rodoviária para aguardar os ônibus das cinco horas da manhã. Por que não colocar transporte público de madrugada para atender o comércio local?
R: Vou assumir um compromisso como senhores aqui, agora. Os mesmos 12 deputados que assinaram a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo do Distrito Federal vão fazer um expediente ao governador, a Secretária de Transporte e, sobretudo, ao DFTrans, para pedir que se possa disponibilizar essas linhas para a população.
P: Sobre a questão da substituição tributária que os pequenos negócios estão enfrentando: hoje não se vende mais produto nos salões porque não vale a pena comprar produtos para revender. Existe alguma coisa para mudar isso? Sobre a carga tributária alta no DF, existe proposta sobre essa questão?
R: O orçamento da região é astronômico: 36 bilhões de reais. Esse dinheiro vem de vocês, que produzem. A nossa ideia é formular algumas propostas nessas linhas. Estamos pela frente parlamentar apresentando algumas propostas para levar ao governador para ele abaixar essa carga tributária que eu acho extremamente grande.